Reposição hormonal
A terapia hormonal, também conhecida como terapia de reposição hormonal, é o tratamento mais eficaz para o alívio dos sintomas da perimenopausa e pós-menopausa. Os sintomas climatéricos são causados pela queda dos hormônios, principalmente de estrogênios, levando às ondas de calor (fogachos), secura vaginal, problemas para dormir, dores articulares, dificuldade de concentração e piora da memória, alteração do humor, entre outros sintomas.
A terapia hormonaltambém é aprovada para prevenção da osteopenia e osteoporose, dada a importância do estradiol para a resiliência e saúde óssea.
Podemos classificar a terapia hormonal em
- Terapia Estrogênica (estrogênio apenas): o estrogênio é o hormônio que alivia de forma mais eficaz os sintomas da menopausa. A terapia estrogênica é indicada para mulheres que fizeram histerectomia (retirada do útero).
- Terapia Estroprogestagênica (estrogênio + progesterona): a progesterona é adicionada em conjunto com o estrogênio para proteger a mulher que tem útero contra o câncer de endométrio (uterino). A progesterona funciona como um ponto de equilíbrio à ação do estrogênio no útero.
uma abordagem individualizada
Terapia hormonal é uma das áreas mais controversas e ainda cheia de conceitos antigos e desatualizados. É importante entender que nem todos hormônios são iguais e os tratamentos devem ser individualizados. Preconizamos o uso de terapia hormonal para quem tem indicação e não tem contra-indicação, da forma mais segura e eficiente.
Como todo tratamento, há benefícios e riscos. Conversar de forma transparente sobre eles é um passo fundamental para a paciente entender se vale a pena ou não fazer reposição hormonal. Quando bem indicada e executada, é uma bela ferramenta para promoção de saúde e melhora da qualidade de vida.
conceitos desatualizados baseados em evidências antigas
mas de onde vem essa fobia de hormônios, de que nossa geração ainda sofre?
Neste artigo, detalho o impacto do estudo WHI sobre a reposição hormonal no começo do séc. XXI. Resumidamente: um estudo feito com pacientes erroneamente selecionadas, com hormônios sintéticos por via oral, chegou a uma conclusão também equivocada. É importante entender que reposição hormonal com estrogênio não causa câncer de mama.
A origem do câncer é genética. Nenhuma reposição hormonal que usamos leva a uma mutação genética capaz de causar câncer de mama. Agora, alguns tumores podem crescer sim com uso de hormônios. Mas não é o hormônio que causou o câncer, a célula tumoral já estava lá.
Por isso, antes de iniciar uma reposição hormonal (e durante todo o follow up), é importante fazer um rastreamento completo de doenças como aterosclerose, risco de trombose, câncer de mama e endométrio, entre outras.
quais são os sintomas da menopausa?
Detalhei aqui o que é a menopausa, perimenopausa e pós-menopausa. A maioria das mulheres sentem:
- Calorões e suores noturnos
- Secura vaginal
- Perda óssea: osteopenia e osteoporose
- Problemas urinários: perda de urina aos esforços
- Queda e enfraquecimento dos cabelos
- Problemas do sono
- Mudanca de humor
- Menstruações irregulares
- Dificuldades de concentração e memória
- Queda da libido e piora da função sexual
A terapia hormonal pode ajudar a aliviar ou resolver os sinais e sintomas acima. Outros possíveis benefícios da reposição hormonal:
- Reduzir risco de doença cardiovascular (ex: infarto)
- Melhorar função muscular
- Reduzir risco de câncer de intestino (colorretal) e diabetes tipo 2
- Diminuir envelhecimento da pele
- Reduzir mortalidade geral
afinal: é seguro fazer reposição hormonal?
Sim, principalmente quando:
- Início antes dos 60 anos
- Até 10 anos após a menopausa
- Feita por via não oral (ex: transdérmica, subcutânea, vaginal) e em doses adequadas
quais são os efeitos colaterais?
Os efeitos adversos são mais comuns no início do tratamento, na fase de adaptação, e geralmente desaparecem após algumas semanas:
- Inchaço, sensibilidade e dor nas mamas ou em outras partes do corpo
- Dores de cabeça
- Tontura
- Indigestão
- Retenção de líquidos em braços ou pernas
- Dor abdominal ou nas costas
- Cãibras nas pernas
- Sangramento genital
- Mudança do humor
Caso os efeitos colaterais não melhorem após 2 meses, sugerimos diminuir ou trocar o tipo de hormônio (estrogênio, testosterona e/ou progestagênio).
Quando evitar fazer reposição hormonal?
Apesar de ser uma boa opção para a maioria das mulheres, nem todas deveriam utilizar. Para algumas mulheres, os riscos são maiores que os potenciais benefícios. Algumas situações contraindicam o uso de estrogênios, principalmente:
- Doença cardiovascular atual (ex: infarto, acidente vascular cerebral)
- Histórico de trombose
- Doença hepática grave
- Sangramento genital sem causa definida
- Câncer de mama ou endométrio atual
Apesar de a maioria das contraindicações ser por conta do possível risco de trombose venosa, sabemos que a reposição hormonal feita por via não oral, como gel e adesivo transdérmicos ou implantes subcutâneos, é muito mais segura e com menor risco de eventos tromboembólicos, sendo nossas vias de escolha.
Mulheres que fumam podem fazer terapia hormonal?
Quais são as formas de reposição hormonal?
Nas mulheres, podemos repor os principais hormônios pelas vias:
- Oral: mais adequada para progesterona.
- Transdérmica: gel ou adesivo (patch). Ex.: estradiol, testosterona.
- Subcutânea: implantes de estradiol e testosterona.
- Vaginal: mais adequada para estriol e progesterona.
Preferimos as vias não orais por não ter a 1ª passagem hepática e ter menor risco de trombose, exceto pela progesterona.
Implantes hormonais subcutâneos (pellets)
O uso de implantes subdérmicos para reposição hormonal não é recente. Há mais de 70 anos, esses pequenos implantes, chamados de pellets, vem sendo utilizados para tratamento de deficiências hormonais, principalmente na forma de estradiol e testosterona. A terapia com implantes hormonais subcutâneos foi desenvolvida na Europa na década de 1930 e se estabeleceu como um tratamento eficaz para as deficiências hormonais, especialmente na perimenopausa.
O médico canadense Dr. Robert B. Grennblatt publicou as indicações dos pellets hormonais para tratamento de doenças endócrinas e ginecológicas, bem como a técnica de inserção, perfil de absorção e resultados, apresentando para os médicos norte-americanos por volta de década de 1940.
Temos bastante experiência com os implantes hormonais subcutâneos há anos. É um método muito interessante para muitas pacientes, devido à:
- Posologia: uma aplicação a cada 5-6 meses
- Facilidade: 100% absorvíveis, sem necessidade de retirada dos implantes
- Segurança: a via subdérmica não eleva os níveis de colesterol e triglicérides, e não aumenta risco de trombose
- Individualização: utilizamos doses calculadas para cada paciente (BioCalc®)
Nosso método oferece o tipo adequado de hormônio, em doses personalizadas e ajustadas conforme características físicas, história clínica e exames hormonais. Os pellets ou implantes hormonais subcutâneos liberam uma quantidade de hormônio mimetizando a natural, conforme o corpo necessita.
Os implantes subcutâneos com hormônios isomoleculares (“molecularmente iguais àqueles que produzimos no nosso organismo”) em doses baixas normalmente restauram os níveis hormonais adequados, e são uma solução segura e eficaz para terapia de reposição hormonal. Somos certificados pela SottoPelle® e utilizamos uma plataforma específica para cálculo individualizado de dose para cada paciente. A SottoPelle é uma empresa americana líder em pellets hormonais, com 30 anos de mercado nos Estados Unidos.
Após a aplicação, as concentrações hormonais atingem níveis estáveis após uma a duas semanas, durante 5 a 6 meses. A via subcutânea é a mais eficaz para preservar a saúde óssea e prevenir/reverter osteopenia e osteoporose.
Via oral
- Comprimidos diários
- Primeira passagem hepática e aumento de globulinas carreadoras
- Possível aumento de risco de trombose em pacientes de risco
- Aumento de SHBG e redução de testosterona livre: possível redução da libido
- Aumento de TBG e redução de T4 livre
- Aumento de CBG e aumento de cortisol total
- Aumento dos triglicérides
Gel percutâneo
- Aplicação diária
- Não tem primeira passagem hepática: não aumenta globulina carreadoras
- Menor risco de eventos tromboembólicos
- Não aumenta triglicérides
- Não interfere nos níveis de testosterona livre, T4 livre nem cortisol total
Adesivo (patch)
- Aplicação: 2x por semana
- Não tem primeira passagem hepática: não aumenta globulina carreadoras
- Menor risco de eventos tromboembólicos
- Não aumenta triglicérides
- Não interfere nos níveis de testosterona livre, T4 livre nem cortisol total
Implante subcutâneo
- Aplicação a cada 6 meses
- O implante é absorvido lentamente e libera continuamente os hormônios
- Não tem primeira passagem hepática: não aumenta globulina carreadoras
- Menor risco de eventos tromboembólicos
- Não aumenta triglicérides
- Não interfere nos níveis de testosterona livre, T4 livre nem cortisol total
- Maior estabilidade dos níveis hormonais