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Endometriose: Mitos e Verdades

Endometriose: Mitos e Verdades

A Endometriose é uma doença crônica em que pequenos fragmentos de tecido semelhante ao endométrio, que normalmente se encontra apenas no revestimento interno uterino, aparece em outras partes do corpo.

Ela pode causar dor intensa, tornando às vezes insuportável para se mover, ou até mesmo realizar funções diárias normais, como ir ao trabalho.

Apesar de sabermos quais são as causas das dores, ainda há muitas lacunas e dúvidas sobre essa complexa condição. Por isso separei alguns dos principais mitos e verdades que ouço com frequência no consultório.

É NORMAL SENTIR MUITA DOR TODO MÊS: MITO.

Há diferença entre o eventual desconforto durante a menstruação e a dor da Endometriose. Se você sente dor intensa durante os seus ciclos menstruais, necessitando muitas vezes usar bolsa de água quente ou medicamentos, converse com seu ginecologista. Se ele não levar seus sintomas a sério ou não investigar, considere buscar a opinião de outro médico.

É PRECISO LEVAR A DOR A SÉRIO: FATO.

De acordo com uma pesquisa publicada no Journal of Women’s Health, leva em média 4 anos para as mulheres com Endometriose obterem um diagnóstico. Um estudo feito na USP mostrou um tempo ainda maior: 7 anos. Caso as dores não sejam levadas à sério, o tempo pode ser ainda maior.

Isso destaca a importância de ouvir seu corpo e entender sua dor. Também é necessário aumentar a conscientização sobre essa condição entre médicos e outros membros da comunidade. Pensar em endometriose é fundamental.

O DIAGNÓSTICO É SIMPLES: MITO.

Parte do motivo pelo qual a Endometriose leva tanto tempo para diagnosticar é que necessitamos de consultas especializadas e exames de imagem bem feitos, com profissionais que entendam e tenham experiência com a doença.

Uma consulta médica completa e minuciosa, com exame pélvico e exames de imagem, como ultrassonografia transvaginal e abdominal com preparo intestinal e/ou ressonância magnética de pelve, são pilares em que nos apoiamos para fazer um diagnóstico exato.

MULHERES COM ENDOMETRIOSE PRECISAM FAZER MUITAS CIRURGIAS: MITO.

Atualmente, falamos em one shot only, ou seja, realizar uma única cirurgia bem feita para tratamento completo da endometriose. O planejamento correto é crucial para atingirmos a excelência.

Claro que existem cenários que demandam mais de uma cirurgia, especialmente quando a doença recorre e a paciente mantém dor mesmo com tratamento clínico.

MULHERES COM ENDOMETRIOSE NÃO PODEM ENGRAVIDAR: MITO.

A Endometriose é uma das maiores causas de infertilidade feminina. Mas isso não significa que toda mulher que tem endometriose não possa engravidar. Algumas inclusive são capazes de conceber, sem tratamentos.

Outras podem engravidar com intervenção médica. Se você tem Endometriose, busque um especialista para ajudá-la a compreender sua condição e entender quais são as opções ideais para tratamento, de acordo com outros fatores, como dor, tipo, local e tamanho de lesões, idade, reserva ovariana, tratamentos prévios, número de filhos que planejam, qualidade do sêmen do parceiro, entre outros.

A DOR PODE CONTINUAR APÓS A CIRURGIA: FATO.

A dor pode sim continuar mesmo após a cirurgia, a chamada dor neuropática, que ocorre mesmo após a inflamação e o trauma desaparecerem.

Isso não quer dizer que a pessoa com Endometriose deve viver com dores. Há formas de tratamento que podem ajudar no alívio e até anulação da dor. Saiba mais neste artigo!

NÃO EXISTE TRATAMENTO PARA A DOR DA ENDOMETRIOSE: MITO.

Embora a Endometriose seja uma condição de tratamento complexo, isso não quer dizer que ele não existe. Há variadas alternativas de tratamento, inclusive formas de tratar ambas as dores, tanto a dor nociceptiva quanto a dor neuropática.

Os medicamentos e procedimentos variam de acordo com o caso e precisam de um diagnóstico realizado por um médico especialista para que seja tratado de forma objetiva.

Anti-inflamatórios não hormonais (ex: cetoprofeno, ibuprofeno, piroxicam), analgésicos (ex: dipirona, paracetamol), opiáceos (ex: codeína, tramadol) e até bloqueios anestésicos de nervos são opções.

Obrigado pela leitura.

Dr. Renato Tomioka